Escrita em 1862 pelo
grande poeta, dramaturgo, ensaísta, ativista e artista francês Victor Hugo, uma
das mais famosas obras literárias, que se consagrou em diversas partes do mundo,
volta aos telões para encantar e emocionar plateias: Os Miseráveis, dirigido por Tom Hooper, o mesmo diretor de O Discurso do Rei (2010), que levou
quatro estatuetas do Oscar em 2011, incluindo Melhor Filme e Direção.
Depois de passar por diversas montagens e adaptações nos cinemas e na TV,
agora os telões ganham uma versão musical da história de Victor Hugo, que foi
encenada neste estilo pela primeira vez, em 1980 no Palais des Sports, em
Paris, com direção de Robert Hossein, música de Claude-Michel Schönberg e
libreto escrito por Alain Boubil.
A partir de então, essa nova versão – que ganhou adaptações de Schönberg
e Boubil –passou por vários lugares, chegando à Broadway em 1987.
A trama se passa na
França do século XIX, entre as Batalhas de Waterloo e os motins de 1832, e traz
uma mescla de ação, suspense, tensão e – como não poderia faltar nas renomadas
obras literárias – uma história de amor repleta de obstáculos que impeça um
casal de pombinhos de ficar juntos. Os
Miseráveis se desenrola em torno de Jean Valjean (Hugh Jackman), um cidadão
francês que permaneceu 19 anos atrás das grades por ter roubado um pão. Ele só
consegue escapar dessa quando adquire liberdade condicional e aproveita para
fugir de vez, sem que algum inspetor policial o aviste.
Passados alguns anos, Valjean
assume outra identidade e, depois de ser salvo por um bispo de quase ir para a
prisão novamente, está disposto a fomentar seu instinto caridoso, fazendo
apenas o bem e ajudando a quem precisar. Ele agora se torna empresário e
prefeito de uma cidade e está disposto a ajudar Fantine (Anne Hathaway) – uma
costureira que perde o emprego e, no desespero para conseguir um sustento que a
permita criar sua filha Cosete (Isabelle Allen), se torna prostituta e acaba
adoecendo gravemente. Após
conhecer seu drama, Valjean decide
adotar a criança e oferecer todo o suporte necessário a ela.
Todavia, ele não
contava com um grande entrave em sua vida: o encontro com o inspetor Javert
(Russel Crowe), que o maltratou por muitos anos enquanto Valjean esteve na
prisão. Apesar de não reconhecer o ex-prisioneiro nos primeiros instantes em
que o vê, conforme a frequência de encontros casuais entre os dois aumenta, a
desconfiança do inspetor também se eleva até que, em determinado momento, Javert
passa a ter certeza da verdadeira identidade do protagonista da trama.
Jean Valjean decide
então fugir com Cosete sem saber que destino tomar. Mais uma vez o público é
levado para anos à frente daquele momento e nos deparamos com uma Cosete já
crescida (agora interpretada pela Amanda Seyfried) e no auge de sua bela
juventude. O amor começa a ganhar ênfase na trama a partir do momento em que a
garota cruza com Marius (Eddie Redmayne), um jovem revolucionário que, junto
com um grupo de amigos, está disposto a enfrentar a guarda francesa e lutar
pelos seus direitos, mesmo com a ínfima chance de vitória para os jovens
rebeldes.
Apesar da
impecabilidade em sua produção, este é um filme realmente destinado aos
verdadeiros amantes de musicais, já que ele é todo cantado e praticamente não
contém quase nenhuma fala estrita,
ao contrário de outras produções do gênero que utilizam da música como um
complemento e aprimoramento do contexto falado apresentado.
Outra questão que pode
incomodar alguns é o tempo de duração da trama – quase três horas – que se
mostram desnecessárias em razão de algumas cenas extensivas e cansativas.
Porém, nem este fator (aliado à
má cantoria de Russel Crowe, que definitivamente assusta os ouvidos com o seu
conturbado agudo) mostra-se prejudicial para a produção do filme como um
todo.
Mesmo não tendo
escalado atores profissionais de canto – o diretor diz tê-lo feito
propositadamente alegando que a não perfeição tem muito mais proximidade com a
realidade – o elenco está incrível, tanto na atuação quanto na interpretação
musical.
O destaque da trama vai
para a atriz Anne Hathaway, que está excepcional na atuação da personagem
Fantine, principalmente quando ela canta, em um dos momentos mais marcantes do
longa, a canção I Dreamed a Dream
totalmente entregue ao
drama da história, que chega a ser difícil não se emocionar.
Os atores Sacha Baron
Cohen (que se destacou em Bastardos Inglórios) e Helena Bohnam Carter formam um
casal excelente na incorporação de personagens trambiqueiros e vigaristas, que
eram responsáveis por cuidar de Cosete enquanto a mãe da menina saia em busca
de sustento.
O desfecho do filme
também se revela espetacular e arranca lágrimas da plateia. Todo o longa foi
praticamente filmado por cenas em plano fechado, a fim de passar o ponto de vista
emocional de cada personagem. Se Hooper não tivesse exagerado na extensão de
algumas cenas, a produção teria ultrapassado o nível de 100% em perfeccionismo.
Os
Miseráveis concorre ao Oscar em oito categorias incluindo
Melhor Filme, Ator (Hugh Jackman) e Atriz Coadjuvante (Anne Hathaway).
Por Mariana da Cruz Mascarenhas
Veja abaixo o trailer oficial do filme:
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