domingo, 21 de setembro de 2014

Cazuza - Pro dia nascer feliz


“Exagerado / Jogado aos teus pés / Eu sou mesmo exagerado / Adoro um amor inventado”: seja no chuveiro, na cozinha, no quarto, não importa onde, quem nunca se pegou cantando esta letra em algum lugar? E não somente esta, mas muitas outras como “Brasil / Mostra tua cara / Quero ver quem paga / Pra gente ficar assim” ou ainda “A tua piscina está cheia de ratos / Tuas ideias não correspondem aos fatos”. Certamente você deve ter acabado de ler estas letras já com o ritmo da música em sua cabeça, ou ainda cantando-as mesmo. Este é mais um sinal de que elas se eternizaram na mente e nos corações de milhões de brasileiros, assim como seu autor: o grande compositor e cantor Cazuza.

Falecido em julho de 1990, aos 32 anos de idade, vítima da AIDS, Cazuza influenciou gerações e continua influenciando até hoje não só com a riqueza de suas letras como também pelo jeito rebelde e polêmico de ser. Considerado um dos maiores compositores da música brasileira, ele conquistou inúmeros fãs, sendo que muitos surgiram e continuam surgindo mesmo após sua morte, diante do legado deixado por ele não só para a música como para a cultura de uma forma geral, já que, além de cantor e compositor, Cazuza foi poeta e escritor.

Por isso, mesmo após sua morte, suas músicas continuam sendo tocadas repetidas vezes e sua biografia retratada em livros, filme e agora também em peça teatral. Desde o dia 18 de julho de 2014, o palco do Teatro Procópio Ferreira recebe o musical Cazuza – Pro dia nascer feliz.

Com 170 minutos de duração, o espetáculo narra a trajetória de Cazuza – o papel costuma ser apresentado pelo ator Emílio Dantas, mas neste dia (6/9) foi apresentado pelo ator Bruno Narchi, que faz o protagonista em algumas sessões – desde o momento em que seu talento para a música começa a se revelar na formação da banda Barão Vermelho, passando pelo affair com Ney Matogrosso (Fabiano Medeiros), seu grande estouro como artista solo, até o momento em que ele descobre ser portador do vírus da AIDS e morre algum tempo depois.

Durante o espetáculo, a personagem Lucinha Araújo (Susana Ribeiro), mãe de Cazuza, interage diretamente com o público e os demais personagens ao mesmo tempo, narrando o que acontece com o filho, enquanto as cenas se desenrolam, e contracenando com o restante do elenco.

O musical leva a plateia a viajar no tempo e a reviver -  ou conhecer pela primeira vez  - as diferentes fases da vida do protagonista, deixando-se levar pelas alegrias, rebeldias e tristezas sofridas por Cazuza. Prepare-se para alguns momentos do espetáculo que prometem fortes emoções, principalmente quando o artista começa a sofrer as complicações patológicas da AIDS.

Dirigido por João Fonseca, o espetáculo não investe muito em cenário, mas traz um elenco de peso que faz um verdadeiro show no palco. Não há como não elogiar a atuação de Bruno Narchi, intérprete de Cazuza, que parece trazer o verdadeiro artista para o Teatro Procópio Ferreira. Algumas cenas chegam a ser simplesmente arrepiantes pela similaridade do ator com o verdadeiro Cazuza, tanto no figurino como na atuação.

Do começo ao fim da peça, Narchi faz um trabalho cênico espetacular e supera seus limites nas atuações mais difíceis, que exigem todo o cuidado para não se extrapolarem, e não se extrapolam, como o gradativo desgaste físico de Cazuza, a medida que a AIDS toma conta dele. Narchi arranca lágrimas dos espectadores, fazendo-os sofrer junto com seu personagem e o de seus pais, que permaneceram ao lado do filho até o fim.

Por Mariana da Cruz Mascarenhas 

domingo, 7 de setembro de 2014

Se Eu Fosse Você, o Musical


Um casal (Helena e Claudio) está passando por crises em seu casamento e, depois de diversas discussões, resolve se separar. A filha deles (Bia), ainda adolescente, quer contar para seus pais que está grávida do namorado, mas não consegue encontrar a forma adequada de dar a notícia, temendo que o pai, principalmente, tenha um ataque de nervos. A situação só piora quando algo completamente inimaginável acontece com Helena e Claudio: eles trocam de corpos para desespero deles e de sua filha que, sem saber o que acontece, estranha o comportamento diferente do pai, mais afeminado, e da mãe, mais rígida.

A história acima lhe pareceu familiar? Pois ela esteve nos telões e atraiu milhões de espectadores no Brasil. Trata-se das comédias brasileiras Se Eu Fosse Você (2006) e Se eu Fosse Você 2 (2008) – somente esta última atraiu mais de 6 milhões de pessoas para o cinema, em razão do sucesso do primeiro filme, e entrou para a lista das dez maiores bilheterias de produções brasileiras na história do cinema, tendo arrecadado cerca de 50 milhões de reais.

A trama acabou até mesmo por revolucionar a comédia cinematográfica brasileira, que até então não vinha atraindo grandes públicos e, a partir de Se Eu Fosse Você, começou a lotar as salas de cinemas com outras comédias posteriores, também de grande sucesso. Agora, a divertida história do casal que troca de corpos ganha uma versão para os palcos em formato de musical, que está em cartaz no Teatro Cetip, em São Paulo.

Com direção de Alonso Barros, Se Eu Fosse Você, o Musical traz uma mescla das aventuras de Helena e Claudio – personagens que, na peça, são vividos pelos atores Claudia Netto e Nelson Freitas – nos dois filmes dirigidos por Daniel Filho.

Composto por um elenco formado por 22 atores, o musical consegue arrancar boas risadas da plateia, no entanto os intérpretes limitam-se a cumprir meramente o roteiro sem arriscar muito nas atuações, contribuindo assim para criar uma sequência cênica bem linear.

Certamente quem assistiu aos filmes verá que as atuações do elenco nos telões, principalmente de Tony Ramos e Glória Pires, intérpretes de Claudio e Helena, foram muito mais envolventes do que a forma como a história é apresentada no palco.

No entanto, vale ressaltar a atuação de Nelson Freitas, um dos principais responsáveis por descontrair e provocar risos na plateia, roubando a atenção de grande parte do elenco, principalmente quando interpreta de modo bem desenvolto e hilário um Cláudio afeminado, que na verdade é a Helena em seu corpo. Destacam-se também diversas músicas de Rita Lee que compõem o repertório da peça.

Vale a pena para quem estiver unicamente a fim de descontrair e rir um pouco! O espetáculo estreou em 14 de agosto de 2014 e ficará em cartaz até 14 de setembro de 2014. 

Por Mariana da Cruz Mascarenhas