Quem gosta de acompanhar
bons momentos de tensão nos telões não poderá deixar de ver Capitão Phillips. Dirigido pelo inglês
Paul Greengrass, o filme é um prato cheio para quem gosta de ação mesclada a
suspense, já que se trata de uma produção de tirar o fôlego durante
praticamente todos os seus 134 minutos de duração.
E mesmo quem não é
muito fã de cenas dramáticas certamente ficará com os olhos vidrados na tela, não querendo perder nenhum minuto do apavorante sufoco
vivido pelos personagens. Baseada numa história real, a trama acontece em torno
do Capitão norte-americano Richard Phillips (Tom Hanks), que em 2009 recebe a
missão de comandar um navio de contêineres do país árabe Omã até a Somália, acima do Quênia, como parte das
atividades da Marinha Americana que leva suprimentos alimentícios para as
regiões africanas cujas condições de vida são subumanas.
Justamente por isso é
elevado o número de piratas somalis que atacam as embarcações roubando comida,
dinheiro e outros bens obedecendo aos grandes chefes, que os incubem de tal
missão e podem acabar até mesmo matando os piratas que não roubarem a quantia
determinada por eles. Logo no começo da trama, portanto, o navio de Phillips é
tomado por quatro ladrões somalis que fazem a tripulação refém. Sempre muito
esperto, Phillips tenta o tempo todo enganar os ladrões como, por exemplo, no
momento em que alega que o navio está com problemas no sistema de energia, mas
na verdade ele que ordenou seu desligamento para
dificultar a locomoção dos piratas pelo navio.
No entanto, Phillips
não consegue se safar e acaba sendo sequestrado pelos somalis que embarcam com
ele no próprio bote salva-vidas do navio rumo à Somália. Se uma forte tensão já
foi gerada até aqui, saiba que ela apenas tende a se agravar a partir de então,
já que Phillips vive momentos desesperadores
nas mãos dos piratas, dispostos a matá-lo a qualquer instante, ao menor desapontamento que
sentirem por alguma reação do capitão.
Cenas memoráveis marcam
esta grande produção, especialmente a tensa relação entre Phillips e o capitão
dos piratas somalis Muse (Barkhad Abdi) que parecem se comunicar diversas vezes
apenas pelo olhar. A sequência de planos fechados,
incluindo a variação de closers, que
focam apenas a face nervosa do protagonista e a enfurecida dos sequestradores,
colaboram e muito para criar um nervosismo no ar e deixar a plateia com a respiração suspensa.
Como de praxe, Hanks está ótimo em seu personagem, mostrando
continuamente durante a trama o paradoxo entre o aparente autocontrole frente à
situação vivida e paralelamente o nervosismo e a tensão contidas e prestes a
fazê-lo explodir a qualquer momento, como acontece com muitas vítimas
submetidas a uma situação traumática que mal conseguem esboçar alguma reação
externa, interiorizando toda a bomba de sentimentos para si.
Também não há como não notar e elogiar a formidável participação do ator
somali Barkhad Abdi, que inclusive está sendo indicado ao Oscar de Melhor Ator
Coadjuvante, um grande colaborador encarando seu personagem perfeitamente, de
modo a criar ainda mais tensão no filme, que ora parece ser compreensível e ora
está disposto a por um fim na vida de Phillips, deixando os espectadores sempre
apreensivos.
Capitão
Phillips ainda concorre ao Oscar nas categorias Melhor
Filme, Roteiro Adaptado, Montagem, Edição e Mixagem de Som.
Por
Mariana da Cruz Mascarenhas