É com muito bom humor e
descontração que um elenco de verdadeiras feras da televisão e do teatro
brasileiro chega ao palco do Teatro Frei Caneca para encenar A Última
Sessão, peça escrita e dirigida por Odilon Wagner, que retrata o jeito
extrovertido e ao mesmo tempo experiente da terceira idade – que nos dias
de hoje parece estar dando um baile na juventude em razão de sua vivacidade
plena, seu humor imbatível e a capacidade de muitos idosos de lidar com as
dificuldades da vida sem se deixar abater.
Com Laura Cardoso,
Nívea Maria, Etty Fraser, Gésio Amadeu, Miriam Mehler, Sônia Guedes, Yunes
Chami, Gabriela Rabelo, Marlene Collé e Sylvio Zilber, o espetáculo conta a
história de amigos da terceira idade que costumam se encontrar semanalmente no Clube Inglês para almoçar e compartilhar
lembranças e segredos. Em meio às conversas, uma boa dose de humor e também
críticas desafiadoras entre os próprios personagens – que, confiantes em suas sábias palavras, já se dão ao
luxo de atacar uns aos outros sem medo de represálias, pois não temem falar a
verdade – conferem a comicidade da peça, fazendo a alegria da plateia.
Durante os 80 minutos
de apresentação, o público poderá se divertir e se encantar com as diferentes
histórias contadas por cada um dos personagens e as revelações surpreendentes – que podem se tornar ainda mais surpreendentes ao
desenrolar da trama, já que muitas não são o que parece ser.
Com este grande elenco,
é difícil dizer quem mais se destaca na peça, já que se
trata de atores dotados de anos de experiência cênica e que se
destacaram muito cada um a seu modo no ramo artístico e por isso acabam até
humilhando os melhores atores mais jovens de hoje. É totalmente perceptível
como cada um respeita o seu tempo cênico e fica totalmente à vontade com o seu
papel, numa mescla de atuação e a própria realidade do ator conferida ao
personagem, são verdadeiros Mestres da Arte que
ensinam como praticá-la com a paciência profissional e a entrega sem medo
aos papéis incorporados, resultado de anos de experiência acumulada e atuações que
foram se aprimorando gradativamente com o passar dos anos.
Mesmo assim
há que se destacar a atuação de Laura Cardoso que, do alto dos seus 86 anos,
rouba a cena e arranca aplausos do público, criando um envolvimento cênico que
conduz os outros atores para uma verdadeira sinergia teatral – já que em teatro
é muito comum que atores muito bons acabem por levar o elenco em seu rítmico
cênico, pois não existe individualismo nos palcos.
Também há
que se exaltar os papéis de Nivea Maria, encarando perfeitamente uma personagem
que aparenta ser a mais madura do grupo, e Etty Fraser, que com toda sua
espiritualidade e carisma confere ao papel uma atuação enérgica e encantadora,
conquistando os espectadores desde o início.
Todavia,
apesar de cada personagem apresentar determinado estereótipo que revela certa
comicidade em algum momento, se profissionais tão empenhados não compusessem o
elenco de A Última Sessão talvez a
peça não prendesse tanto a atenção, pois chega a ficar um pouco extensiva ao
final da trama, já que o contexto histórico mostra certa fragilidade devido a
sua linearidade; entretanto, acaba sendo preenchida pela atuação singular de
cada ator, que confere seus talentos próprios a seus respectivos papeis, sem
sair do personagem.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas
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