quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Viver sem tempos mortos

A atriz Fernanda Montenegro faz uma grande atuação teatral ao incorporar a personagem Simone de Beauvouir, uma filósofa e ensaísta francesa, defensora do feminismo, que, no começo de sua adolescência, viveu as grandes repressões impostas pelas famílias burguesas do século passado e resolveu se libertar do conservadorismo tão presente na época. Ainda jovem ela sai de casa e, mais tarde, passa a viver com Jean Paul Sartre, que se tornaria seu marido, com quem ela vive intensos momentos de prazer e compartilha das mais diversas experiências que a denotam como uma pessoa que quer ser totalmente livre e independente, além de estar desvinculada de qualquer regra que as mulheres daquela época eram submetidas.

Neste monólogo dramático que tem 60 minutos de duração, Fernanda Montenegro leva a plateia a viajar no tempo e mergulhar nos conflitos do passado e a reviver ou entender grandes acontecimentos como a revolução de 68, em que a sociedade feminina começa a se impor para conquistar seu papel em um ambiente que ainda era muito marcado pelo machismo e por pensamentos extremamente conservadores. À medida que o monólogo vai se desenrolando, Fernanda, que com 82 anos de idade se mostra totalmente disposta e entregue a sua personagem, se supera em proporção à intensidade da emoção e dos conflitos vividos por Simone de Beavouir.

Por Mariana Mascarenhas

domingo, 13 de novembro de 2011

O Palhaço


Com um humor leve e simples, o filme O Palhaço conquista todo tipo de plateia com uma história simpática, desvinculada de muitas palavras e que atinge grandes audiências pelas fortes expressões faciais de seus personagens, as quais chegam a ser muito mais atraentes do que a própria linguagem falada.

Selton Mello faz uma grande atuação ao incorporar o protagonista Benjamim, cujo pai (Paulo José) é dono de um circo e, junto com o filho, forma a dupla de palhaços Pangaré e Puro Sangue. Os dois, ao lado de mais alguns companheiros circenses, levam a alegria e diversão por diversas cidades do interior do Brasil.

A entonação dramática que Selton dá ao incorporar o grande dilema do palhaço - que no fundo é uma pessoa triste, pois ele faz os outros rirem, mas não há quem o faça rir - é o foco principal da produção e se mostra extremamente claro do começo ao fim da trama. Enquanto o resto da turma se diverte e se mostra feliz com a profissão, Benjamim passa um ar de melancolia e tristeza, acompanhado de uma vontade imensa de fugir daquele mundo e entrar em contato com o desconhecido, como o desejo de ter uma namorada, que passa a ser almejado por ele a partir do momento em que ele conhece uma garota que vai assisti-lo no circo e o acha divertido.

A relação entre pai e filho, interpretada por Paulo José e Selton Mello, é dotada muito mais de linguagem corporal do que verbal e se mostra encantadora, causando grande emoção ao levar os espectadores para o mundo destes dois palhaços e os colocar em contato com as perturbações psicológicas dos dois personagens.

Apesar de sua curta aparição no filme, o ator Moacyr Franco arranca altas gargalhadas da plateia com uma cena simples e muito bem-humorada e conquista, graças a ela, o prêmio de melhor ator coadjuvante no Festival de Paulínia.

Selton Mello também se destaca como diretor do filme, o qual recebeu referências de ícones consagrados do cinema, como do diretor Federico Fellini.

A produção conta com cenários e músicas muito bem produzidos, além de um grande elenco que traz a participação, por exemplo, da pequena atriz Larissa Manoela que, com apenas 10 anos de idade, consegue encarar uma personagem que passa a sua mensagem através apenas do olhar e dos seus gestos sem dizer praticamente uma palavra.

Por Mariana Mascarenhas

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Os Três Mosqueteiros

Inspirado no livro de Alexandre Dumas (1802-1870) e dirigido por Paul W.S Anderson , Os Três Mosqueteiros encanta a plateia mais por seus efeitos especiais e cenas dotadas de ação e aventura do que pela produção de conteúdo em si. O filme começa narrando as aventuras vividas por Porthos (Ray Stevenson), Aramis (Luke Evans) e Athos (Matthew Macfadyen), os três mosqueteiros que saem em busca de um projeto de máquina de guerra, o qual vem sendo almejado pela corte inglesa, que deseja possuí-lo a fim de construí-la.

Após a captura do mapa pelos três heróis, eles acabam sendo enganados por Milady (Milla Jovovich), a namorada de Aramis, que os acompanha na aventura e, após a captura do projeto, lhes prepara uma armadilha e entrega o plano da máquina a Buckingham (Orlando Bloom), duque da Inglaterra.

Depois de passado um tempo, o público se vê diante de três mosqueteiros decaídos, vivendo na França e tendo como passatempo a luta com militantes, mas sem nenhum propósito. A situação muda com a chegada do jovem D’Artagnan (Logan Lerman), um rapaz que almeja ser um mosqueteiro e resgata em Porthos, Aramis e Athos a vontade de reviver os velhos tempos em que eles realmente eram combatentes de verdade.

A partir de então, o filme foca a partida dos quatro aventureiros à Inglaterra em busca de um colar de diamantes roubado pela Milady, a pedido do Cardeal francês Richelieu (Christoph Waltz) como parte de um plano para causar uma guerra entre Inglaterra e França e ele assumir de vez o poder francês.

A produção também disponibilizou a versão 3D, mas pode-se dizer que tal investimento foi desnecessário, uma vez que o filme quase não utiliza deste recurso de forma atenuante e o que se observa, durante quase toda a produção, são os efeitos em três dimensões dos personagens em relação ao plano de fundo, sem cenas especiais que realmente façam valer a pena tal modo de exibição.

Enfim, para quem gosta de cenas de aventura e luta, acompanhadas de uma história simples e desprovida de muito contexto, Os Três Mosqueteiros é uma boa indicação, mas para quem espera conferir nos telões uma boa qualidade contextual, além de um simples filme dotado apenas de efeitos e aventuras, o filme já não trará muito encanto.

Por Mariana Mascarenhas