Figurinos impecáveis, ricos em detalhes e iluminados pelas diversas
luzes oriundas dos refletores colorem e alegram o palco do Teatro do Sesi para
contar uma história simples e divertida que, apenas com sua leveza contextual, se mostra capaz de descontrair até o mais sério
dos espectadores: trata-se da comédia musical A Madrinha Embriagada, que tem direção de Miguel Falabella.
Para quem já é amante de musicais e está habituado a conferir estas
superproduções verá que este é um espetáculo que se distingue um pouco dos
demais no que tange a sua roteirização: a encenação da história é complementada
por um ator que assume o papel de explicar à plateia tudo o que está se
passando na trama, incluindo alguns truques de palco. Denominado o Homem da
Poltrona (Ivan Parente), este personagem se encontra em sua residência, nos
dias atuais, quando resolve ouvir um long
play do espetáculo A Madrinha Embriagada,
cuja primeira estreia ocorreu no ano de 1928, no Teatro São Pedro, em São
Paulo.
A partir de então se dá início de fato à história do espetáculo que
mostra a vida de uma musa do teatro, Jane Valadão (Sara Sarres), que resolve
largar sua carreira artística para se casar com um empresário boa pinta e
ricaço (Frederico Reuter). Jane está quase sempre acompanhada de sua madrinha
(Stella Miranda, com Paula Capovilla no papel alternante), que foi contratada
para cuidar da noiva antes do casamento, mas o problema é que ela mal consegue
cuidar de si mesma, pois está sempre embriagada.
A notícia do casório acaba não agradando em nada o dono do teatro em que
Jane se apresenta, o Sr. Iglesias (Saulo Vasconcelos), o qual, com o auxílio de
uma corista (Kiara Sasso) – cuja voz é tão desafinada que chega a doer os
ouvidos de quem tem o infortúnio de ouvi-la cantar – contrata um amante
argentino chamado Adolpho (Cleto Baccic) para se envolver com a musa e assim
estragar o casamento. Há ainda a participação de outros personagens com presença memorável
para a plateia, como a dupla de ladrões (Rafael Machado e Daniel Monteiro) que
se fingem de padeiros, o atrapalhado mordomo de Jane (Edgar Bustamante) e até
mesmo uma aviadora (Adriana Caparelli).
Personagens estereotipados no máximo de sua essência, dotados de
expressões cem por cento caricatas, revelando a máxima exteriorização e o
exagero das emoções, marcam o estilo deste musical que nos remete a uma espécie
de comédia pastelão – gênero do humor marcado pelo riso fácil, acompanhado de
diálogos simples e ações bem expressivas.
A madrinha embriagada, personagem que leva o título da peça, em diversos
momentos acaba dividindo a atenção da plateia com o Homem da Poltrona, o qual
cresce em cena de modo tão acentuado que muitas vezes ganha toda a ovação dos
espectadores para si, afinal este não é um papel fácil de fazer, tendo em vista
que ele pode acabar por cansar o público com interrupções durante toda a trama
para contar curiosidades e explicações do que se passa.
Todavia, o efeito gerado é justamente o contrário, já que existe uma
brilhante sacada trabalhada sobre o Homem da Poltrona que interage e entretém o
público do começo ao fim, saindo totalmente da linearidade narrativa.
Para isso, o grande talento de Ivan Parente em sua expressão corporal e
vocal é a peça chave para cativar os espectadores e dar um brilho a mais na
história, fazendo toda a diferença. Vale ressaltar as excelentes atuações de
Saulo Vasconcelos, Kiara Sasso, Edgar Bustamente, Frederico Reuter e Paula
Capovilla já conhecidos pelo grande carisma sobre a plateia, desde outros
espetáculos encenados por eles.
Há que se destacar também a riqueza dos cenários, complementando a
atuação do elenco e o brio dos figurinos. Enfim, trata-se de um espetáculo
composto por uma trama bem simples e sem muitas surpresas, mas com uma gostosa
comicidade, acompanhada de uma excelente produção capaz de arrancar altas
gargalhadas de adultos e crianças, e o que é mais importante, com humor genuíno
sem qualquer tipo de vulgar apelação.
Luiz Pacini, Luciano Andreys, Ivanna Domenyco, Fernando Rocha, Andrezza
Massei, Will Anderson, Jana Amorim, Luana Zenun, Elton Towersey, Jessé
Scarpelini, Anelita Gallo, Carol Costa, Max Oliveir e Ditto Leite completam o
grande elenco desta produção.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas
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