Quem já conhece e se diverte com a caricata personagem dona Hermínia no
programa 220 volts do Multishow
apresentado pelo ator Paulo Gustavo, certamente também se encantará com as
cenas da personagem nos telões em Minha
Mãe é Uma Peça. E mesmo quem não conhece a personagem acabará se
familiarizando de certa forma com a comicidade das situações apresentadas,
mesmo que algumas venham dotadas de exageros cênicos.
Assim como ele incorpora o papel em 220
volts – onde ele não só apresenta como encara todos os personagens do
programa –, no filme o ator Paulo Gustavo interpreta a dona Hermínia – a mãe
exagerada que vive em constantes brigas com a filha obesa Marcelina, a quem a
mãe vive chamando de baleia e outros nomes depreciativos, e seu filho Juliano,
que apesar do jeito afeminado tenta esconder de Hermínia sua homossexualidade –
que vai passar um tempo na casa da tia após ouvir sem querer uma conversa entre
seus filhos, seu ex-marido Carlos Alberto (Herson Capri) e Soraya (Ingrid
Guimarães), mulher atual dele, e que a deixa muito magoada.
A partir de então Marcelina e Juliano ficam sozinhos em casa tentando se
virar como podem, já que tanto um quanto o outro viveram sempre às custas da
mãe, ao contrário do irmão primogênito deles que, segundo Hermínia, sempre foi
um rapaz exemplar e vive com a esposa em Brasília.
Enquanto Marcelina passa quase todo o tempo da trama desesperada em
busca de comida, seu irmão Juliano está mais preocupado em saber o paradeiro da
mãe. Paralelamente a este cenário, dona Hermínia volta no tempo na casa de sua
tia enquanto conta a ela diferenciadas e inusitadas situações vividas
principalmente com seus herdeiros mais novos. A maioria das lembranças é
acompanhada das atuações, que ilustram as histórias narradas pela protagonista
fazendo a plateia cair na gargalhada, como nos tombos em que a pequena
Marcelina sofria quando criança, a obsessão dela por comida, ou quando Juliano
chega com um namoradinho em casa e passa por um verdadeiro interrogatório da
mãe, que já desconfia da sexualidade do filho.
O roteiro praticamente gira em torno das atuações de dona Hermínia, de
modo que os demais atores se tornam meros coadjuvantes diante não só de quase
todo o espaço preenchido pela personagem, como da bela interpretação do ator Paulo
Gustavo para o seu papel. Como a trama parece abrir espaços para uma atuação mais
desenvolta e menos estruturada, possibilitando o encaixe de diálogos
improvisados, Paulo Gustavo acaba se sobressaindo perfeitamente bem como já é
de praxe no programa, pois tem um forte para o improviso.
Talvez seja por isto que a simplicidade da história e a falta da quebra
de uma linearidade que pudesse surpreender o público acabam sendo ofuscados
pelo personagem principal que chega a ser muito maior que até o próprio filme
em si – se outro ator não habituado aos trejeitos do personagem o fizesse sob
outro prisma, o filme já poderia estar fadado a um grande fiasco e só não o foi
pela salvação de Paulo.
Este é um ator que vem se destacando cada vez mais na mídia humorística.
Depois de arrebentar em seu programa cômico 220
volts, o humorista é certamente de longe o destaque de um seriado exibido
há quase um mês no Multishow, Vai que
Cola, e parece ter tudo para ascender ainda mais em sua carreira artística.
Agora é torcer para que ele continue divertindo diferenciados públicos por meio
de seu humor livre sem ser esquematizado em roteiros sólidos que o deixem preso
– como a emissora Globo vem fazendo com astros do improviso como Marcelo Adnet
e Fábio Porchat.
Minha Mãe é uma Peça tem direção de André Pellenz e foi para os
telões depois de obter grande sucesso no palco teatral.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas
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