domingo, 26 de agosto de 2012

Rodriguianas: Tragédias Para Rir



Em comemoração aos 100 anos de Nelson Rodrigues - um dos maiores dramaturgos brasileiros que o país já conheceu, autor de obras que contribuíram para enriquecer culturalmente não apenas telinhas e telões das TVs e cinemas como também dos palcos nacionais, ao perpetrar um estilo no mundo teatral escrevendo peças tão complexas e analíticas  sobre a nossa realidade social – Rodriguianas: Tragédias Para Rir trata-se de uma montagem baseada em oito contos escritos pelo também jornalista Nelson Rodrigues e publicados na coluna “A vida como ela é” do jornal “A Última Hora” em 1950.

Dirigida por Luís Artur Nunes, a montagem faz uma criativa e inteligente adaptação da obra de Nelson ao personificá-la com toques humorísticos e satíricos, simultaneamente emprestando-lhe uma nova visão sobre o trabalho do dramaturgo sem se desvincular do contexto original.

O espetáculo também busca inovar, ao sair do plano real e preencher as histórias com atuações fantasiosas, representativas e até mesmo sensacionalistas, conferindo-lhe grande comicidade. O diretor acerta em cheio ao proporcionar um excelente trabalho de expressão corporal e facial realizado pelos atores, que contribuem fortemente para o sentido conotativo da peça e dão o ar da graça, fazendo com que o público se divirta do começo ao fim.

Cada conto é repassado de uma maneira diferente de modo que os exercícios cênicos de incorporação, brincadeira e troca de personagens, entre outros, estão fortemente presentes. A duração aproximada de 80 minutos nem chega a ser percebida pela plateia, que se entretém do começo ao fim com as histórias de Nelson,  muito bem conduzidas e apresentadas neste período.

Vale muito a pena se divertir e conferir como é possível trabalhar diferentes pontos de vista e formas de expressão sob uma mesma obra. O espetáculo permanece em cartaz em São Paulo até o dia 2 de setembro no Centro Cultural Banco do Brasil. 

Por Mariana Mascarenhas

Um comentário:

  1. Nelson Rodrigues continua a ser atual, mesmo depois de tanto tempo, porque procura refletir situações cotidianas da sociedade, pegando nas suas piores feridas. Cabe a quem for remontar qualquer de suas histórias alimentá-las com sua interpretação e criatividade ao apresentá-las, adicionando sua personalidade e graça, como faz Luis Nunes e sua equipe nesta montagem.
    Além da qualidade da peça, os preços populares consistem num grande atrativo, num país onde as peças costumam estar fora do alcance dos bolsos da maioria da sua população.

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