Drama, comoção
e dor são algumas das características que marcam o contexto – pesado, porém
genial – do espetáculo teatral Frida y
Diego, com direção de Eduardo Figueiredo. O enredo apresenta trechos da
vida pessoal de Frida Kahlo (1907 – 1954), pintora mexicana que ficou conhecida
em diversas partes do mundo graças às suas pinturas, as quais ela expôs em
diferentes países.
Os cerca de
90 minutos de espetáculo dão enfoque à conturbada vida de Frida (Leona Cavalli)
com seu marido e também pintor Diego Rivera (José Rubens Crachá), que a traía
constantemente com as diversas mulheres que conhecia em galerias, eventos e
afins. Mesmo com o consentimento de tantas traições, Frida – que também chegou
a trair seu marido algumas vezes – alegava amá-lo muito e não queria separar-se
dele.
Para
complicar ainda mais a situação, a artista tinha fortes dores na coluna,
dificuldades de se locomover e, mesmo sabendo não poder ter filhos, fez algumas
tentativas, sem sucesso, o que a deixava muito magoada.
Todos estes
problemas físicos foram se agravando ao longo do tempo devido a dois momentos
difíceis que ela enfrentou em sua vida: Frida contraiu poliomite aos seis anos
de idade, sendo esta a primeira de uma série de lesões, acidentes e doenças que
a acometeriam ao longo da vida. Já aos 18 anos, ela foi assolada por uma
tragédia muito pior: ao sofrer um acidente de bonde, que se chocou num trem, o para-choque
de um dos veículos perfurou suas costas saindo por sua genitália. Depois disso,
ela teve que reconstruir todo o seu corpo no hospital e, desde então, jamais
deixar de usar coletes ortopédicos.
O excesso
de bebida alcoólica e de cigarro também esteve presente na vida de Frida e
Diego – principalmente da pintora, que dizia “eu bebo para afogar minha dor,
mas a maldita aprendeu a nadar”.
Complementam
o elenco do espetáculo os músicos Arthur Decloedt (contrabaixo) e Wilson
Feitosa Jr., que tocam músicas temáticas ao vivo dos lugares onde Frida e Diego
moraram e também visitaram para expor suas obras, incluindo cidades no México,
EUA e França.
É
impossível assistir a esta peça e ficar indiferente às atuações de Leona
Cavalli e José Rubens Crachá, principalmente de Leona que, por conta das
exigências de sua personagem, se destaca mais em cena. Chega a arrepiar uma de
suas atuações em que Frida se vê desesperada com a sua fragilidade física e a
forma como ela é traída pelo marido, que, apesar de tudo, dizia amá-la muito e
que não conseguia ficar sem ela.
Leona parece
sentir na pele o sofrimento de sua personagem interpretando na medida certa a
mistura de tristeza, angústia e dor que pareciam querer explodir dentro dela a
todo o momento, comovendo os espectadores, especialmente por se tratar de uma
história verídica e tão dramática que Frida viveu.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas
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