Sob a magnífica direção de Martin Scorcese, esta quinta parceria entre ele
e o ator Leonardo DiCaprio nos telões mais uma vez mostra-se arrebatadora.
Após Ilha do Medo (2010) – última
produção antes de O Lobo de Wall Street,
emoldurado pela forte presença de direção de Scorcese e que apresentou DiCaprio no ápice de seu trabalho de transformação cênica,
numa de suas melhores atuações – esta nova produção mantém a cativante sinergia entre diretor e
ator.
No filme, DiCaprio interpreta Jordan Belfort, um jovem auxiliar de
agente do mercado financeiro que, aos 22 anos, se torna extremamente ousado,
após a demissão de seu emprego motivada pela queda na Bolsa de Nova York, e
arruma um novo trabalho numa empresa que vende no mercado negro ações de firmas
pequenas, sem muita chance de longevidade. Nela o protagonista vai fomentando
sua ambição de se tornar milionário usando os recursos aprendidos no emprego
anterior para enganar investidores, especialmente os endinheirados, utilizando
a boa retórica de trapaceiros e corruptos para conseguir extrair dinheiro deles
a qualquer custo.
Ele passa a contar com uma série de figuras atrapalhadas e totalmente
desajustadas – como seu companheiro Donnie Azoff (papel de Jonah Hill) – para
cometer todo tipo de ilegalidade, até que ele abre a própria empresa junto com
seu sócio Azoff e enriquece rapidamente à base apenas de um bom discurso
mentiroso e persuasivo.
Uma das grandes sacadas trazidas pelo diretor é o tom exagerado com que
ele conduz esta trama, mostrando durante quase todos os 180 minutos de duração
o protagonista e seus companheiros envolvidos em drogas, sexo e muitas
festinhas realizadas por meio de gastos mais do que exagerados de Belfort, graças
a seu enriquecimento ilícito. Há quem se assuste com os personagens aficionados
por drogas e dinheiro cheirando cocaína sobre as nádegas e os peitos das
prostitutas e, no caso de Belfort, sobre o corpo de sua amante, a capa de
revista masculina Naomi Napaglia (Margot Robbie), que acaba virando sua segunda
esposa assim que a primeira mulher de Belfort descobre seu affair.
Mas é justamente este o
efeito desejado pelo diretor,
procurar chocar os espectadores de um modo reflexivo, através da forma
totalmente descontrolada e desregrada
na qual vivem muitos endinheirados corruptos nos dias de hoje, graças ao
dinheiro extraído ilegalmente de outras pessoas – ressalve-se aqui que na vida
real existem muitos casos semelhantes, tornando as cenas retratadas no filme não tanto estereotipadas
assim. No entanto ele acaba equilibrando a trama com uma dose de humor
totalmente sarcástico que mais diverte a plateia do que a faz refletir sobre a
sociedade de hoje.
O
Lobo de Wall Street concorre ao Oscar 2014 em cinco
categorias incluindo Melhor Ator para Leonardo DiCaprio – que possui grandes
chances de levar o prêmio, já que se mostra incrível em seu papel, aparecendo
durante quase todo o tempo do filme encarnando a grande transformação de um
simples jovem a um pilantra extremamente sarcástico e aproveitador – Melhor Diretor
para Martin Scorcese – que certamente vem forte na disputa pela estatueta – Melhor
Ator Coadjuvante para Jonah Hill, Melhor Filme e Roteiro Adaptado.
Mariana da Cruz Mascarenhas
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