Depois
do sucesso de público contando a sua história nos palcos teatrais,
principalmente em razão da atuação de Tiago Abravanel no papel principal em
várias sessões, o cantor carioca Tim Maia foi parar nos telões. Assim como o
espetáculo teatral Tim Maia – Vale Tudo,
o Musical, o filme Tim Maia é uma
adaptação do livro de Nelson Motta, Vale
Tudo.
Se
no teatro os espectadores puderam acompanhar a biografia de Tim – preenchida
sempre pelo seu excelente repertório musical, dando um bom enfoque à vida
pessoal e artística – no filme, a história de Tim já é contada sob uma
perspectiva muito mais voltada para a vida pessoal do artista, talvez
frustrando aqueles que ansiavam por um filme que retratasse melhor o grande
talento que ele representou.
Na
trama cinematográfica, os atores Babu Santana e Robson Nunes se destacam nos
telões revezando-se para interpretar o cantor. Enquanto o primeiro faz o papel
do Tim Maia mais jovem, entregando marmitas, enfrentando dificuldades para ascender
em sua carreira artística, criando a banda Sputniks – que também tinha como
integrantes os cantores Roberto Carlos e Erasmo Carlos em começo de carreira – e
a tentativa de ascensão na carreira numa viagem ao EUA, Nunes já encara o Tim
adulto, levando uma vida totalmente regada a sexo, álcool e drogas.
O
longa é narrado pelo personagem Fábio (Cauã Reymond) que também aparece nos
telões como o amigo de Tim e que o acompanhou durante boa parte da sua carreira,
desde a ascensão artística até a decadência por conta de sua vida completamente
desregrada. Mesmo alguns fãs que já conhecem mais a fundo a vida do artista, poderão
chocar-se um pouco com o perfil de Tim Maia.
São
140 minutos de trama que mostram o lado mais agressivo do cantor – que
costumava resolver algo que não lhe agradasse por meio de ofensas verbais ou
saindo na porrada – e também seu egoísmo, refletido no modo como ele conduzia
suas atitudes, sem se importar com opiniões e conselhos alheios, chegando, num
dado momento de sua vida, a ser esquecido pelos produtores de shows em razão do
seu comportamento rebelde. Muitas vezes ele recusou convite para shows e se
isolava em sua casa, em meio às alucinações que ele sofria em decorrência das
drogas.
O
sucesso artístico de Tim não deixa de ser mostrado no filme, porém numa
proporção muito menor à que ganha a sua conturbada vida pessoal, de modo que a
trama acaba se tornando extensa e cansativa, focando no desgaste físico do
cantor em razão de seus vícios, os quais são retratados em cenas repetitivas e
longas.
A
própria narração de Cauã Reymond revela-se por ora excessiva, atrapalhando uma
maior aproximação entre personagens e telespectadores, de modo que estes acabam
vendo a trama como observadores e não adentrando mais a fundo no mundo interno
de Tim Maia por meio de uma relação empática. Não que a narração seja
desnecessária, todavia poderia dar maiores espaços para que as cenas por si só
acontecessem e “falassem” ainda mais com o público, no que tange ao aspecto
emocional.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas
Nenhum comentário:
Postar um comentário