sexta-feira, 25 de abril de 2014

Rio 2


Depois de encantar e até emocionar plateias em meio a um cenário de animação deslumbrante, que demonstrava os principais cartões postais do Rio de Janeiro no filme Rio, a dupla de ararinhas-azuis Jade e Blu embarcam agora em outra aventura na mais nova produção do diretor brasileiro Carlos Saldanha – também dirigiu a Era do Gelo2 e Era do Gelo 3 – que estreou há pouco tempo nos cinemas: Rio 2.

Desta vez as simpáticas ararinhas-azuis – que conquistaram espectadores de todas as idades – já possuem três filhotes e embarcam com eles para a Floresta Amazônica a pedido de Jade, com o objetivo de conhecerem novas aves de sua espécie, que até então havia sido declarada em extinção, tendo como membros restantes apenas a família de Blu. O casal Túlio e Linda, dono das araras, também estão na floresta a procura das novas espécies.

Segue-se então uma sequência de perseguições e surpresas, incluindo a atrapalhada tentativa de Blu em se adaptar à vida selvagem após passar anos domesticado, em uma rotina confortável e segura. Mas o principal conflito da trama se dará em torno dos planos do vilão da história, um madeireiro que está prestes a desmatar a floresta e destruir o habitat das araras azuis, que precisarão impedir este ato. A famosa cacatua macho, que se consagrou como o grande vilão em Rio, volta aos telões para mais uma vez importunar a vida de Blu, mas seu jeito atrapalhado e desengonçado, juntamente com uma rã apaixonada por ele, faz com que ele mal consiga chegar perto do protagonista.   

Para quem assistiu a superprodução Rio, lançada em 2011, torna-se inevitável a sua comparação com esta nova trama de Saldanha com foco agora na Floresta Amazônica – o filme até chega a mostrar algumas imagens do Rio de Janeiro apenas no momento de abertura, quando Blu e sua família estão celebrando a passagem de ano em meio à queima de fogos em Copacabana. Especialmente os adultos podem se frustrar com esta nova obra do diretor brasileiro pela falta de criatividade presente no contexto, que se resume muito mais a perseguições e espetáculos coreográficos dos personagens do que uma envolvente história.

Todavia, o carisma e o humor das ararinhas e os efeitos visuais deslumbrantes, acompanhados de uma bela coreografia feita pelos animais da floresta, acabam por prender a atenção durante os 101 minutos de duração da trama, que agradará especialmente o público infantil, em razão da desenvoltura humorística inocente trabalhada nesta produção.

Enfim, Rio 2 também pode ser uma ótima indicação de filme para reunir a família que esteja simplesmente com o intuito de descontrair e divertir a criançada. 

Por Mariana da Cruz Mascarenhas

sábado, 12 de abril de 2014

A Madrinha Embriagada




Figurinos impecáveis, ricos em detalhes e iluminados pelas diversas luzes oriundas dos refletores colorem e alegram o palco do Teatro do Sesi para contar uma história simples e divertida que, apenas com sua leveza contextual,  se mostra capaz de descontrair até o mais sério dos espectadores: trata-se da comédia musical A Madrinha Embriagada, que tem direção de Miguel Falabella.

Para quem já é amante de musicais e está habituado a conferir estas superproduções verá que este é um espetáculo que se distingue um pouco dos demais no que tange a sua roteirização: a encenação da história é complementada por um ator que assume o papel de explicar à plateia tudo o que está se passando na trama, incluindo alguns truques de palco. Denominado o Homem da Poltrona (Ivan Parente), este personagem se encontra em sua residência, nos dias atuais, quando resolve ouvir um long play do espetáculo A Madrinha Embriagada, cuja primeira estreia ocorreu no ano de 1928, no Teatro São Pedro, em São Paulo.

A partir de então se dá início de fato à história do espetáculo que mostra a vida de uma musa do teatro, Jane Valadão (Sara Sarres), que resolve largar sua carreira artística para se casar com um empresário boa pinta e ricaço (Frederico Reuter). Jane está quase sempre acompanhada de sua madrinha (Stella Miranda, com Paula Capovilla no papel alternante), que foi contratada para cuidar da noiva antes do casamento, mas o problema é que ela mal consegue cuidar de si mesma, pois está sempre embriagada.

A notícia do casório acaba não agradando em nada o dono do teatro em que Jane se apresenta, o Sr. Iglesias (Saulo Vasconcelos), o qual, com o auxílio de uma corista (Kiara Sasso) – cuja voz é tão desafinada que chega a doer os ouvidos de quem tem o infortúnio de ouvi-la cantar – contrata um amante argentino chamado Adolpho (Cleto Baccic) para se envolver com a musa e assim estragar o casamento. Há ainda a participação de outros personagens com presença memorável para a plateia, como a dupla de ladrões (Rafael Machado e Daniel Monteiro) que se fingem de padeiros, o atrapalhado mordomo de Jane (Edgar Bustamante) e até mesmo uma aviadora (Adriana Caparelli).

Personagens estereotipados no máximo de sua essência, dotados de expressões cem por cento caricatas, revelando a máxima exteriorização e o exagero das emoções, marcam o estilo deste musical que nos remete a uma espécie de comédia pastelão – gênero do humor marcado pelo riso fácil, acompanhado de diálogos simples e ações bem expressivas.

A madrinha embriagada, personagem que leva o título da peça, em diversos momentos acaba dividindo a atenção da plateia com o Homem da Poltrona, o qual cresce em cena de modo tão acentuado que muitas vezes ganha toda a ovação dos espectadores para si, afinal este não é um papel fácil de fazer, tendo em vista que ele pode acabar por cansar o público com interrupções durante toda a trama para contar curiosidades e explicações do que se passa.

Todavia, o efeito gerado é justamente o contrário, já que existe uma brilhante sacada trabalhada sobre o Homem da Poltrona que interage e entretém o público do começo ao fim, saindo totalmente da linearidade narrativa.

Para isso, o grande talento de Ivan Parente em sua expressão corporal e vocal é a peça chave para cativar os espectadores e dar um brilho a mais na história, fazendo toda a diferença. Vale ressaltar as excelentes atuações de Saulo Vasconcelos, Kiara Sasso, Edgar Bustamente, Frederico Reuter e Paula Capovilla já conhecidos pelo grande carisma sobre a plateia, desde outros espetáculos encenados por eles.

Há que se destacar também a riqueza dos cenários, complementando a atuação do elenco e o brio dos figurinos. Enfim, trata-se de um espetáculo composto por uma trama bem simples e sem muitas surpresas, mas com uma gostosa comicidade, acompanhada de uma excelente produção capaz de arrancar altas gargalhadas de adultos e crianças, e o que é mais importante, com humor genuíno sem qualquer tipo de vulgar apelação.

Luiz Pacini, Luciano Andreys, Ivanna Domenyco, Fernando Rocha, Andrezza Massei, Will Anderson, Jana Amorim, Luana Zenun, Elton Towersey, Jessé Scarpelini, Anelita Gallo, Carol Costa, Max Oliveir e Ditto Leite completam o grande elenco desta produção.

Por Mariana da Cruz Mascarenhas