Estamos em um vilarejo
russo habitado por diversos moradores judeus, incluindo um humilde leiteiro que
vive com a mulher e cinco filhas em uma simples casa. A tradição e o
conservadorismo de décadas passadas estão fortemente presentes na trama, que se
passa na época em que mulheres e homens não se misturavam em ambientes sociais e
filhas eram prometidas em casamento pelos pais. Assim acontece no musical Um Violinista no Telhado que permanecerá
em cartaz até 15 de julho no teatro Alfa.
O espetáculo conta com
a participação de José Mayer vivendo o protagonista e se destacando com uma
excelente atuação ao incorporar Tevye, o leiteiro judeu, um personagem dotado
de trejeitos e falas que provocam altas risadas na plateia do começo ao fim da
peça. Apesar de se mostrar rígido e conservador no dever de suas missões, o
leiteiro revela ter um ótimo coração, principalmente quando se trata de suas
filhas.
A trama foca os
conflitos vividos pelo protagonista, sua mulher (interpretada brilhantemente
pela atriz Soraya Ravenle) e as três filhas mais velhas do casal, que querem se
casar com rapazes por quem se apaixonaram. A princípio essas decisões desagradam
profundamente os pais, primeiro pelo fato das garotas estarem desrespeitando um
regime tradicionalista de se casarem com aquele que o pai ou a mãe escolher e segundo
pela condição de cada um deles (dois são de baixa renda e um não é judeu).
Composto por uma
história dotada de simplicidade e desprovida de acontecimentos muito
envolventes, Um Violinista no Telhado
desperta os olhares da plateia muito mais pelos números musicais, repletos de
coreografias bem encenadas, do que pela trama em si. A atuação de José Mayer
também colabora para engrandecer o espetáculo, já que o ator encara o
personagem de uma forma tão natural e atraente criando um vínculo afetivo entre
o público e o divertido leiteiro.
Adaptado por Claudio
Botelho, a peça foi encenada na Broadway pela primeira vez em 1964 e agora
chega a São Paulo. Vale a pena conferir e descobrir a mensagem que a peça traz
ao fazer uma analogia entre o regime tradicionalista, que imperava na época, e o
que a cena de um violinista tocando no telhado pode representar em contrapartida
a essa tradição vigorosa.
Por
Mariana Mascarenhas