Se você viveu a década 80 certamente se lembrará, e se nasceu
posteriormente também já deve ter ouvido tocando por aí esses sucessos musicais
como Tempo Perdido, Será, Pais e Filhos e Que País é Esse,
algumas das canções que marcaram a carreira de um dos mais influentes e célebres
cantores e compositores brasileiros dos anos 80: Renato Russo.
Vocalista da banda Legião Urbana, ele faleceu em 1996 vítima da AIDS, deixando
um legado de fãs e até hoje seu talento continua a repercutir e fazer sucesso
entre todos aqueles que acompanharam sua trajetória e, até mesmo quem só
conheceu seu trabalho após sua morte e virou seu fã – pelo menos os
apreciadores da boa música. Agora todos poderão acompanhar e conhecer um pouco
mais da vida de Renato Russo com a estreia do filme Somos Tão Jovens nos telões.
Com direção de Antônio Carlos da Fontoura, a trama narra o momento em
que Renato (papel de Thiago Mendonça), cujo nome original é Renato Manfredini
Júnior (1960 – 1996) se descobriu no mundo musical e formou sua primeira banda,
chamada Aborto Elétrico, junto com os irmãos Felipe Lemos e Flávio Lemos – do
Capital Inicial, por quem Renato tinha uma queda – e o sul-africano André
Pretorius. Esta foi a chamada fase “punk” da vida do protagonista, na qual ele
vivia no mundo do rock pesado e, junto com sua melhor amiga Aninha (Laila
Zaid), personagem fictício, estavam dispostos a revolucionar a sociedade e
mostrar a importância de se lutar pelos direitos da liberdade de expressão.
Nesta banda, as constantes discussões com o baterista Fê Lemos fazem com
que Renato abandone o grupo e forme, mais tarde, o Legião Urbana, que seria
responsável pela sua decolagem direta para o sucesso nacional. A produção ainda
retrata no começo o problema que Renato desenvolveu desde os 15 anos de idade,
quando foi diagnosticado com uma doença óssea, a qual fica nítida para o
público quando ele sofre um simples tombo de uma bicicleta e vai parar no
hospital, sendo obrigado a permanecer por repouso absoluto por alguns dias após
a alta hospitalar.
O destaque de Somos tão Jovens
certamente vai para o ator Thiago Mendonça, que não apenas soube repassar os
trejeitos deste ídolo musical que conquistou diversas gerações, como fez um
magnífico trabalho vocal que permite ao público viajar no tempo em que Renato
Russo era vivo. A similaridade da entonação vocálica de Mendonça com a do
verdadeiro vocalista da Legião é um forte quesito para o filme fazer jus à
trajetória profissional do cantor. Sem contar que as músicas cantadas por
Mendonça no filme foram gravadas ao vivo, o que apenas comprova o talento do
ator tanto para as canções, quanto para a total incorporação do papel.
A retratação da
biografia de Russo nos telões relembra outra produção que também foi sucesso
nos cinemas e narrou a história de outro grande ícone musical: Cazuza. Todavia – ao contrário desta trama que abordou
os principais acontecimentos desde o crescimento na carreira artística até a
sua morte (Cazuza também morreu de AIDS), passando pelas agravantes
conturbações pessoais envolvendo sexo, drogas e a questão da homossexualidade –
a produção de Fontoura tem enfoque mais voltado à sua carreira, buscando realçar
toda a desenvoltura de Russo até chegar à Legião, sem se ater à parte polêmica
da sua vida e mostrar como ele contraiu AIDS.
Além disso, o filme retrata apenas o começo da formação do grupo Legião
Urbana e quando Renato fica sabendo que irá cantar com a banda fora de
Brasília, sua cidade natal, pela primeira vez. A produção ainda tem os atores Sandra Corveloni
e Marcos Breda no papel dos pais de Renato Russo.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas