A tecnologia avança a
passos cada vez mais rápidos e se tornou presença constante na rotina dos seres
humanos, aprisionando-os verdadeiramente estejam onde
estiverem, pois, sem ela, muitos não conseguiriam mais trabalhar, se conectar,
se informar, enfim, interagir com o universo.
Tal
dependência torna-se mais dramática quando esta interação
virtual torna-se tão necessária na vida das
pessoas a ponto delas preferirem se comunicar
por telinhas e telões a travar uma conversa
pessoal. Pois é este chamado vício tecnológico que é muito bem abordado no
filme Homens, Mulheres
e Filhos, com direção de Jason
Reitman – dos filmes Juno (2007) e Amor sem Escalas (2009) – e adaptação do
livro homônimo de Chad Kultgen.
A trama narra as vidas
de personagens problemáticos, como o garoto de 15 anos que só consegue ficar
excitado quando vê vídeos pornográficos na internet e não têm o menor sucesso com
as garotas na vida real e cujo pai (papel de Adam Sandler) também adora ver
vídeos do gênero no computador; um rapaz viciado em videogames (papel de Ansel
Elgort, destaque de A Culpa é das
Estrelas) e que vê neles uma válvula
de escape para suportar a frustração de sua mãe ter abandonado ele e o seu pai
para ficar com outro homem; uma menina anoréxica que recorre a conselhos de
outras anoréxicas na internet sobre como evitar a comida; uma mãe
superprotetora que rastreia todas as contas da filha na internet, bem como seu celular e uma mãe que quer tornar a
filha famosa a todo custo nem que para isso seja preciso divulgar fotos íntimas
da garota.
Todas estas histórias
reúnem os diferentes universos de adultos e adolescentes que acabam culminando num
ponto comum: o vício pela tecnologia, que se
torna o cerne dos problemas destes personagens, os quais a utilizam como alternativa
para viverem num mundo virtual paralelo, já que não conseguem
encarar as dificuldades do mundo real. Isso
fica claro na forma como a mãe superprotetora está preocupada apenas em
rastrear a filha – mas não dedica nem sequer um minuto para conversar com ela
sobre a vida da garota – ou do menino viciado em vídeos pornôs que vive isolado
em seu quarto e também não tem momentos de diálogo com os seus pais.
Trata-se de um
excelente roteiro para fazer os espectadores repensarem a forma como a
sociedade está conduzindo suas vidas e, principalmente, os relacionamentos com
seus familiares, pautados especialmente pelo uso excessivo da tecnologia, que
está suprindo o contato físico e o olho no olho. Homens, Mulheres e Filhos tem sido
aclamado pela crítica justamente pela forma inteligente como aborda a invasão
tecnológica na vida do ser humano e por suas histórias chocarem o público, pois,
por mais dramáticas que sejam, são fatos cotidianos da vida real.
Por Mariana da Cruz Mascarenhas
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