O ano é 2154. O planeta
Terra está fadado à tragédia total,
constituindo um lugar sem esperança, cercado de doenças e sujeira por todos os
lados, sendo habitado apenas pela população mais pobre que sobrevive à base de
migalhas e, à procura desesperada por sustento, muitos acabam entrando para o
mundo da criminalidade.
Enquanto a maioria
morre vítima da fome e de doenças num planeta de condições precárias, outros
desfrutam de uma vida luxuosa, cercada de todo o conforto possível e ainda
usufruindo de uma tecnologia super avançada para se curar de todas as doenças
como num passe de mágica. Esse paraíso é
Elysium, uma estação espacial habitada pelos ricos que abandonaram a Terra para
viverem longe de sua precariedade e dos pobres que nela habitam.
Este é o cenário do filme Elysium,
que estreou em primeiro lugar nos EUA faturando R$ 72 milhões apenas no
primeiro fim de semana. No Brasil a produção chegou aos telões em 21 de
setembro de 2013. Com concepções extremamente futuristas, a trama mostra um
universo cercado de máquinas – incluindo robôs parecidos com humanos – capazes
de curar as mais agravantes doenças, como o câncer, num piscar de olhos,
através apenas do simples apertar de um botão.
Enquanto os habitantes de Elysium
podem desfrutar de robôs para servi-los a todo o momento, muitos moradores da
Terra são expostos a incontáveis horas de trabalho em fábricas para produzirem
mais robôs que serão enviados à estação espacial – como é o caso do
protagonista Max (Matt Damon) que, após sair da prisão, vai trabalhar na
produção robótica. Desde pequeno ele sempre teve o sonho de viver em Elysium e considera uma injustiça que
apenas os ricos possam ter acesso ao lugar, deixando os pobres à margem da
doença e miséria. Um dia, após ser exposto a quantidades fatais de radiação em
seu trabalho e percebendo que por consequência disso lhe restariam poucos dias
de vida, Max tentará a todo o custo chegar a Elysium, pois lá está sua única chance de se curar.
Para isso ele contará com a ajuda de um hacker revolucionário (Wagner
Moura) para chegar ao seu destino, mas, em troca do favor, terá de invadir a
mente de um ricaço que está na Terra e sabe as informações para entrar em Elysium. O que eles não contarão é com a
intervenção de um psicótico mercenário (Sharlto Copley), que vive na Terra e
trabalha para os comandantes da estação espacial, e inicialmente fará de tudo
para impedir que o plano de Max dê certo.
Estreando no cinema
hollywoodiano, o ator Wagner Moura demonstra estar bem à vontade em seu papel, tanto na atuação corporal, quanto na expressão vocal – o
ator fala muito bem o inglês, apesar de não conferir em seus diálogos maior suavidade
e continuidade rápida entre as palavras, típica da fala dos nativos, e conferindo um jeito mais
brasileiro às suas conversas. Porém este
detalhe acaba sendo ofuscado pela tamanha desenvoltura interpretativa de Moura,
que cresce gradativamente ao desenrolar do filme à medida que sua participação se torna maior.
A característica tão contundente de seu personagem permite que Moura
possa exteriorizar e demonstrar com mais facilidade diante das câmeras seu
talento interpretativo por meio corporal, fazendo com que ele não seja apenas
um mero coadjuvante, mas ganhe destaque em grande parte da trama, inclusive
desviando a atenção do público ao protagonista para si – não que Damon também
não esteja excelente em seu papel, mas como se limita a encarar as atuações que
o roteiro exige de seu personagem – até porque trata-se de um papel de
expressões mais contidas e interiorizadas – a atuação de Moura se torna mais visível.
A atriz brasileira
Alice Braga, que já atuou em diversos outros filmes estrangeiros, também marca
presença em Elysium como a amiga de
Max que também pretende embarcar para a estação espacial a fim de curar sua
filha, vítima de uma doença grave.
Outro destaque no
quesito expressão cênica vai para o ator Sharlto Copley no papel do mercenário.
Seus trejeitos e total vivacidade conferidos ao papel prendem a atenção do
público, já que ele interpreta
um dos principais antagonistas da trama que a todo o momento indica estar
prestes a destruir o protagonista em conflitos cheios de ação e suspense.
Todavia, mesmo com tamanho
elenco, o roteiro frustrará principalmente os telespectadores que forem
assistir ao filme em busca de conteúdo histórico – algo que deixa a desejar, já que quase toda a
trama é preenchida por efeitos visuais e sonoros e muitos combates, os quais
acabam se tornando vazios diante da pobreza de conteúdo.
A produção tem direção
de Neill Blomkamp, que se destacou no mercado cinematográfico depois de seu
longa Distrito 9, indicado a 4 Oscar,
incluindo as categorias Melhor Filme e Melhor Roteiro. Atores de diversas
nacionalidades compõem o elenco da trama, sendo talvez até mesmo uma sacada do
diretor para sua mensagem crítica à desigualdade social por meio do filme.
Por
Mariana da Cruz Mascarenhas
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